Antes de alguém começar a investir, é necessário que cumpra dois requisitos:
- saber onde vão investir;
- ter um fundo de emergência.
Aprender a investir não é nenhum bicho de sete cabeças, mas é preciso dedicares algum do teu tempo a isso, de forma a saberes quais as possibilidades que existem e quais dessas possibilidades se adequam ao teu horizonte temporal e objetivos. No entanto, isso será abordado em artigos futuros, porque neste artigo quero falar-te sobre o fundo de emergência.
O que é um Fundo de Emergência?
Um fundo de emergência é nada mais nada menos do que uma reserva de dinheiro que toda a gente deve ter para ser usada quando necessário.
Antes de te iniciares no mundo dos investimentos, ou mesmo que ainda não consideres investir uma prioridade, é fundamental que tenhas um fundo de emergência. Porquê?
Primeiro vamos lá ver para que serve um fundo de emergência. Esta não é muito difícil… Como o próprio nome indica, um fundo de emergência serve para… emergências. Para se por acaso ficares sem trabalho, para uma despesa inesperada como por exemplo uma avaria no carro, um problema de saúde, etc…
O fundo de emergência é algo para te dar paz de espírito, para que não andes sempre com o coração nas mãos porque não sabes o que vai acontecer amanhã. E para, se por acaso tiveres algum azar, estares preparado. Ninguém sabe o que acontecerá amanhã e por isso é que ter um fundo de emergência é uma boa ideia e algo que toda a gente deveria ter.
Que tamanho deve ter o Fundo de Emergência?
Então mas qual deverá ser o tamanho do teu fundo de emergência? De forma curta e simples: deve ser do tamanho que te sintas confortável.
No entanto, é prática comum o fundo de emergência ter uma dimensão de 6 a 12 meses do valor das tuas necessidades mensais.
Escolhe o que te faz sentir confortável
Se quiseres jogar mesmo pelo seguro, e digamos que gastas 500€ por mês em coisas sem as quais não consegues viver, então o teu fundo de emergência deverá ser de 6000€ (500€ * 12 meses = 6000€). Com um fundo de emergência destes, poderias sobreviver um ano sem trabalhar, caso acontecesse alguma coisa com o teu trabalho ou contigo. Acho que é uma almofada muito boa.
Mas também podes sentir-te confortável com menos, com 6 meses de despesas fixas, o que, utilizando o mesmo exemplo de 500€ por mês para gastos indispensáveis, daria um fundo de emergência com um valor de 3000€ (500€ * 6 meses = 3000€).
Como construir o fundo de emergência
Agora que já tens uma ideia do tamanho que o teu fundo de emergência deve ter (vamos imaginar que são 3000€), o que deves fazer é poupar uma parte do teu salário todos os meses e enviar esse dinheiro para um sítio onde não o vejas, como por exemplo uma conta poupança ou um depósito a prazo, até teres a quantia que desejas (neste caso, os 3000€).
Quando devo usar o fundo de emergência?
O fundo de emergência apenas deve ser utilizado para emergências: uma ida inesperada ao médico, uma perda de emprego, um acidente de carro, ou seja, em situações que inesperadas e que não são despesas previsíveis.
O fundo de emergência não é para utilizar de forma regular, não é para ir às compras ou de férias! É apenas para emergências!
Por essa razão, o fundo de emergência deve estar aplicado num produto com elevada liquidez.
Onde posso colocar o fundo de emergência?
O fundo de emergência tem de estar sempre disponível, ou seja, o fundo de emergência não é para investir! É para teres num sítio rapidamente acessível (elevada liquidez), como por exemplo uma conta à ordem ou uma conta poupança, para que possas rapidamente ir lá buscá-lo caso precises.
Não é para dares entrada numa casa ou metê-lo numa plataforma de P2P nos Países Balcãs, onde provavelmente vais demorar a levantá-lo. Outra razão para não teres o teu fundo de emergência investido é porque os investimentos têm tendência a oscilar de valor. Imagina que tinhas investido o teu fundo de emergência na bolsa.
Embora muitos destes investimentos sejam rentáveis a longo prazo (>10 anos), a curto prazo é mais difícil fazer dinheiro e é possível que haja desvalorizações, dependendo da volatilidade do investimento que escolheste. E se isto acontecer (o que é provável), um fundo de emergência de 6 ou 12 meses, pode passar para 4 ou 5 meses por exemplo.
A minha sugestão
É por isso que, na minha humilde opinião, o fundo de emergência deve estar numa conta poupança ou num depósito a prazo. Ele tem de estar num sítio seguro, sem volatilidade (grandes oscilações de valor), e com elevada liquidez (que o possas movimentar rapidamente). Há também quem opte por colocar o fundo de emergência em certificados de aforro, o que pode ser uma opção válida para algumas pessoas.
Deixa-me explicar-te o que são certificados de aforro. Certificados de aforro são obrigações emitidas pelo governo português. Ou seja, ao subscreveres um certificado de aforro, estás a emprestar dinheiro ao estado português, que te promete pagá-lo, acrescido de uma certa taxa de juro, passado um determinado período de tempo.
Mas, embora investir em certificados de aforro seja dos investimentos mais seguros que possas fazer, onde basicamente só perdes o dinheiro se o Estado Português for à falência, eu não acho que isto seja uma boa opção para colocares lá o teu fundo de emergência unicamente pelo facto de não poderes resgatar o dinheiro durantes os primeiros 3 meses.
Embora seja provável que não precises de usar o fundo de emergência de uma só vez, ninguém sabe o dia de amanhã e que tipo emergências podem acontecer, pelo que prefiro manter o meu fundo de emergência numa conta poupança / depósito a prazo.
Descobre o que é melhor para ti
Com o passar do tempo e com o evoluir da tua educação financeira, poderás encontrar outras alternativas que sejam melhores para ti. Isto porque geralmente nas finanças pessoais, não existe uma resposta certa, mas sim várias alternativas que dependem do tipo de pessoa, dos seus objetivos, da sua tolerância ao risco e do seu horizonte temporal.
É por essa razão que a palavra “pessoais” está lá.
Como construir o fundo de emergência mais rapidamente?
Uma forma simples mas muito eficaz para construíres o teu fundo de emergência mais rapidamente é automatizando as tuas poupanças. Mas o que é que isto quer dizer?
Quase de certeza que através da aplicação/site do teu banco consegues criar uma transferência automática do montante que queres poupar todos os meses assim que o ordenado cair na tua conta. Desta forma, deixas automaticamente de contar com aquele dinheiro.
E aqui falo por experiência própria. Se não fizeres isto e deixares o dinheiro destinado à poupança na tua conta corrente, vais ter sempre a tentação de o gastar. Haverá sempre alguma coisa que queres comprar e como tens aquele dinheiro ali à disposição, a tentação e a probabilidade de o gastares será sempre maior. Já diz o ditado: “longe da vista, longe do coração”.
Por isso é que a forma mais eficaz de poupares é transferir o dinheiro para outra conta assim que recebas o ordenado. É o chamado “pagar-se a si primeiro”. Se por acaso não conseguires fazer isso automaticamente, cria uma espécie de ritual e transfere tu esse dinheiro manualmente. Vais ver que assim que o fundo de emergência começar a crescer, isso vai-te dar pica e não ficarás aborrecido ou com “pena” de o mandar para lá.
Quando tiveres o teu fundo de emergência construído, terás uma almofada de segurança caso te surja algum imprevisto pela frente e poderás então focar-te unicamente em fazer crescer a tua carteira de investimentos, sejam eles em que área ou instrumento forem.